quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Kings e Skings

Nós não poderíamos deixar de nos manifestarmos sobre o grupo recém descoberto “Escravos de buceta”. Não conhecemos, acreditamos, nenhuma das meninas que foram expostas e nem os caras que participavam do grupo. O que nos move aqui é a solidariedade com mulheres que tiveram fotos íntimas divulgadas contra sua vontade.
Alguns machos que eram parte do grupo disseram que não sabiam ou que não participavam ativamente do grupo, e os já conhecidos apoiadores passa-pano de plantão argumentaram que o grupo era de pornografia, justificando, portanto, o tipo de material trocado nele. Antes de tudo, podemos discutir o que é pornografia: aliada a uma “indústria do sexo”, é aquela que “produtifica”, torna objetos os corpos e o tesão, é feita por pessoas que estão cientes da sua exposição e do uso dado às fotos e vídeos dos quais participaram.

Temos certeza que as meninas que eram vistas no grupo NÃO CONSENTIRAM com a sua exposição, pois o grupo não era público.

Além de não público, a participação no grupo necessitava de aprovação prévia do moderador, o que pressupõe que as pessoas se conheciam, em certo grau, e que todos os membros estavam cientes da sua permanência no mesmo.
Além disso, prints de tela mostram que a maioria dos membros visualizavam o conteúdo e eram notificados das atividades do grupo. E, a partir do momento em que você participa de um grupo, você concorda e se interessa pelo conteúdo vinculado por ele, ainda que por mera curiosidade ou “trolagem”. E isso mostra, sim, que você é um machista misógino que vê mulheres como vaginas, só vaginas ambulantes.
Esse episódio, em pleno setembro de 2014 nos lembrou do que aconteceu no final do ano passado quando foi feita a denúncia de um grupo no Whatsapp denominado “Kings” no qual eram trocadas fotos íntimas sem o consentimento das meninas expostas. Em menos de um ano, em dois rolês que se dizem diferentes politicamente, temos dois episódios muito parecidos, o que demonstra o quanto é perigoso viver em uma sociedade que acha justificável o compartilhamento de fotos íntimas, afinal “Se não queria se expor, por que tirou as fotos?”.

O Coletivo Feminista Non Gratas coloca-se totalmente à disposição das meninas que foram expostas no grupo. Nossa atitude sempre será essa e sempre foi. Nós nascemos por não ficarmos caladas com a continuidade do reinado desses Kings misóginos no rolê hardcore de São Paulo e continuaremos aí para lutar contra o machismo em qualquer rolê, estaremos sempre com as mulheres.

Aos que lerem e pensarem “Precisava citar Kings? Vocês nunca vão esquecer isso? Os meninos já se desculparam, estão mudando”: não, nós não esquecemos e não esqueceremos. NÃO PASSARÃO!

Mais informações sobre os Skings: https://www.facebook.com/pages/Moço-você-é-machista/1372907339517076?fref=ts

Mais informações sobre os Kings:

http://prod.midiaindependente.org/pt/red/2013/12/526930.shtml

Coletiva Feminista Non Gratas.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

segunda edição do zine: prisões

É com muito carinho que disponibilizamos a segunda edição do nosso zine:

http://issuu.com/coletivonongratxs/docs/zine_2_-_pdf

Nessa segunda edição, compilamos textos, informações e ideias relacionadas de alguma forma ao tema "Prisões".

Trazemos ao debate a percepção de cada uma das integrantes sobre tudo o que nos limita, nos encarcera e nos deslegitima para além dos muros e grades dos presídios.

Mantendo a individualidade de cada uma, esperamos atingir diversos pontos de vista, incitando o debate e a reflexão.

Esperamos que gostem!


http://issuu.com/coletivonongratxs/docs/zine_2_-_pdf

segunda-feira, 12 de maio de 2014

segunda-feira, 17 de março de 2014

. futebol riot grrrl .


Primeiro evento organizado pelo Coletivo Feminista Non Gratxs: Futebol Riot Grrrl.
Foi um sucesso! 
Não é sempre que 40 minas saem de suas casas num sábado a noite para ir jogar futebol com outras que nunca viram na vida.
Foi muito importante pra nós compartilharmos esse momento com vocês. Um espaço organizado por e para nós, com muito carinho!
Sororidade, bate-papo, comida vegan e futebol.
Foi lindo!

<3



Fotos por Sarah Ferreira.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

sobre libertar-se

Um dia, D., minha amiga, companheira de tantas causas e (umas das) autoras do aurora libertaria, teve uma conversa bastante séria comigo, na qual tentou - e conseguiu - abrir meus olhos para diversas barreiras que eu estava criando ao meu redor. Ela me mostrou que eu estava aceitado as regras do jogo do patriarcado ao entrar em conflito com outras mulheres, que ao me afastar de tantas eu só tinha a perder. Me mostrou que a sociedade gosta de ver nós umas contra as outras e que eu tinha que tomar cuidado.
Nesse mesmo dia enxerguei o quanto eu estava fortalecendo o machismo e consequentemente o patriarcado. Afinal, se somos todas mulheres e sofremos a mesma opressão, então porque tantas barreiras?
Apreendi que deveria me aliar às mulheres, ajudá-las e fortalecer nossos laços para assim, juntas, conseguirmos destruir essa podridão que nos cerca e quem sabe também ajudar algumas das tantas outras que precisam.
Meninas, eu não sou boa conselheira... Mas sabe, a melhor coisa que fiz pra mim e para o meu feminismo foi destruir essa barreira que tanto me atrapalhava. Foi conseguir enxergar todas como companheiras. Foi ter empatia a quem para mim passava desapercebida. Foi dar as mãos e ombros para tantas que eu deixei passar. Foi resolver uma pendência que tanto me atormentava. Foi pedir desculpa e assumir um erro. Pra mim, esse dia foi libertador.
Débys.

Aqui, vocês podem ler "Carta as tantas que desrespeitei" escrita por D. : http://goo.gl/y2pSoG

Futebol das Minas



Atenção, meninas que gostam de jogar futebol/comer/conhecer gente nova!
Estamos organizando o Futebol Riot Grrrl no dia 15 de março, aberto apenas para meninas!

Estão todas convidadas!

Mais informações no evento. Qualquer dúvida, podem enviar inbox ou e-mail para nós.

https://www.facebook.com/events/496892547087687/?fref=ts

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Nota de Repúdio - Trote Cásper Líbero

Diante dos acontecimentos divulgados sobre os trotes praticados na Faculdade Cásper Líbero, é nossa luta prestar solidariedade a todas as vitimas desse ato violento, bem como o repúdio total aos seus praticantes.
Nós, do Coletivo Feminista Non Gratxs, repudiamos os trotes violentos e coercitivos que, diante da tentativa de depreciação e exposição das vítimas pelxs veteranxs, podem causar sequelas para além do trauma psicológico. É sabido que muitos trotes já acabaram em morte. Entretanto, essa brutal violência contra as mulheres é algo recorrente, não somente nessas "atividades", mas como cotidianamente. É preciso romper o silêncio, não se calar e denunciar essa prática violenta.
Se você presenciar um desses abusos, denuncie. O escracho público ainda continua sendo uma forma efetiva de ação direta.
Todo nosso apoia às vítimas.

http://vestibular.uol.com.br/noticias/redacao/2014/02/11/em-trote-calouros-da-casper-libero-simulam-sexo-oral-na-avenida-paulista.htm

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

As diversas violências que sofremos...

Tipos de violência

Violência contra a mulher - é qualquer conduta - ação ou omissão - de discriminação, agressão ou coerção, ocasionada pelo simples fato de a vítima ser mulher e que cause dano, morte, constrangimento, limitação, sofrimento físico, sexual, moral, psicológico, social, político ou econômico ou perda patrimonial. Essa violência pode acontecer tanto em espaços públicos como privados.

Violência de gênero - violência sofrida pelo fato de se ser mulher, sem distinção de raça, classe social, religião, idade ou qualquer outra condição, produto de um sistema social que subordina o sexo feminino.

Violência doméstica - quando ocorre em casa, no ambiente doméstico, ou em uma relação de familiaridade, afetividade ou coabitação.

Violência familiar - violência que acontece dentro da família, ou seja, nas relações entre os membros da comunidade familiar, formada por vínculos de parentesco natural (pai, mãe, filha etc.) ou civil (marido, sogra, padrasto ou outros), por afinidade (por exemplo, o primo ou tio do marido) ou afetividade (amigo ou amiga que more na mesma casa).

Violência física - ação ou omissão que coloque em risco ou cause dano à integridade física de uma pessoa.

Violência institucional - tipo de violência motivada por desigualdades (de gênero, étnico-raciais, econômicas etc.) predominantes em diferentes sociedades. Essas desigualdades se formalizam e institucionalizam nas diferentes organizações privadas e aparelhos estatais, como também nos diferentes grupos que constituem essas sociedades.

Violência intrafamiliar/violência doméstica - acontece dentro de casa ou unidade doméstica e geralmente é praticada por um membro da família que viva com a vítima. As agressões domésticas incluem: abuso físico, sexual e psicológico, a negligência e o abandono.

Violência moral - ação destinada a caluniar, difamar ou injuriar a honra ou a reputação da mulher.

Violência patrimonial - ato de violência que implique dano, perda, subtração, destruição ou retenção de objetos, documentos pessoais, bens e valores.

Violência psicológica - ação ou omissão destinada a degradar ou controlar as ações, comportamentos, crenças e decisões de outra pessoa por meio de intimidação, manipulação, ameaça direta ou indireta, humilhação, isolamento ou qualquer outra conduta que implique prejuízo à saúde psicológica, à autodeterminação ou ao desenvolvimento pessoal.

Violência sexual - acão que obriga uma pessoa a manter contato sexual, físico ou verbal, ou a participar de outras relações sexuais com uso da força, intimidação, coerção, chantagem, suborno, manipulação, ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule ou limite a vontade pessoal. Considera-se como violência sexual também o fato de o agressor obrigar a vítima a realizar alguns desses atos com terceiros.

Consta ainda do Código Penal Brasileiro: a violência sexual pode ser caracterizada de forma física, psicológica ou com ameaça, compreendendo o estupro, a tentativa de estupro, o atentado violento ao pudor e o ato obsceno.

Texto original retirado daqui.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

1° Vale Histeria - São José dos Campos



Nossa contribuição para o 1°Vale Histeria, um festival faça-você-mesma feminista, que rolou sábado, dia 24/01/2014 em São José dos Campos. :)

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Sobre os ocorridos em um show de São Paulo

Aos que não acompanharam, fomos indiretamente citadas pelo vocalista de uma banda em um show gravado e postado no youtube. Segue abaixo o que o vocalista alegou ter dito na ocasião:

"Isso aqui vai pra qualquer otário que ficou se aproveitando do momento pra se crescer dentro de cena ou qualquer outra coisa e se acha porque colocou um capeta numa camiseta e escreveu 'Isso é feminismo'. Enfia no seu cú."

Fizemos uma camiseta estampada com o baphomet e o escrito "This is feminism". A ideia nada teve a ver com a banda em questão, seus integrantes ou seus amigos e não tínhamos interesse em atingir ninguém.

A discussão aconteceu em um post da banda Anti-Corpos e tivemos a oportunidade de responder:

"Não sei direito a quem você se refere quando fala dos 'otários' que se aproveitaram do momento pra crescer dentro da 'cena' ou de 'qualquer outra coisa'. Também não sei quem tá se achando porque 'colocou o capeta na camiseta' – você e seus amigos não citam nomes, isso é muito frustrante.

Mas enfim, vou falar em nome do coletivo Non Gratxs porque acho que é a nós que você está se referindo. A ideia de colocar o capeta na camiseta (gostei da rima), as iniciativas que temos e – olha só!!! – a criação do coletivo não tem nada a ver com você, seus amigos, suas bandas, sua cena ou o que seja. Juro! Não sei qual é a dúvida, eu realmente não consigo entender porque vocês acham que a gente tá sempre falando de vocês... vocês são adultos, são inteligentes, qual é a dificuldade? A gente cita o nome de vocês?

A gente não vai enfiar nada em lugar algum, simplesmente porque não é você ou seus amigos que nos falam o que devemos fazer. Isso também é algo óbvio, mas achei importante frisar. Não é você, homem, que vai dizer pra mim, mulher, se eu devo ou não ser feminista. Não é você que vai dizer se minha bandeira é válida de ser levantada ou não. Não é você que me diz se minhas convicções são reais ou não. Como já falaram aqui: se você manda a gente enfiar qualquer coisa no cu, você tá mandando o feminismo também. O coletivo é feminista e, obviamente, todas as meninas envolvidas são feministas. Se você não tem nada contra nós, por que essa hostilidade? O que fizemos pra você(s)?

Nosso objetivo não é tirar vocês desse pedestal no qual vocês se colocam, até porque nós não acreditamos na existência dele. Nosso objetivo não é desmerecer os anos de ativismo, de cena, de diy... até porque vocês mesmo já fazem isso, com atitudes como a do whatsapp, como essa do vídeo... Entende? Vocês não precisam de nós para serem expostos. E a gente não precisa de vocês pra crescer em nada. Até porque a única coisa que esperamos com o coletivo e com nossas ações é 'crescer' em conhecimento, em bom senso, em respeito e igualdade. E isso não envolve vocês, pode ter certeza.

Nós não queremos transformar essa cena num 'lugar pra um ficar apontando o dedo na cara do outro'. A gente não faz parte da cena de vocês, nós não queremos fazer parte. E se formos criar uma cena será algo tão diferente do que é a de vocês, que me sinto até desconfortável de chamar de 'cena'. Fica tranquilo, siga com seu corre, a gente não liga pra nada do que vocês fazem. A não ser quando isso envolver as mulheres ou o feminismo."

Mantemos e reforçamos nossas palavras!