Nós não poderíamos deixar de nos manifestarmos sobre o grupo recém descoberto “Escravos de buceta”. Não conhecemos, acreditamos, nenhuma das meninas que foram expostas e nem os caras que participavam do grupo. O que nos move aqui é a solidariedade com mulheres que tiveram fotos íntimas divulgadas contra sua vontade.
Alguns machos que eram parte do grupo disseram que não sabiam ou que não participavam ativamente do grupo, e os já conhecidos apoiadores passa-pano de plantão argumentaram que o grupo era de pornografia, justificando, portanto, o tipo de material trocado nele. Antes de tudo, podemos discutir o que é pornografia: aliada a uma “indústria do sexo”, é aquela que “produtifica”, torna objetos os corpos e o tesão, é feita por pessoas que estão cientes da sua exposição e do uso dado às fotos e vídeos dos quais participaram.
Temos certeza que as meninas que eram vistas no grupo NÃO CONSENTIRAM com a sua exposição, pois o grupo não era público.
Além de não público, a participação no grupo necessitava de aprovação prévia do moderador, o que pressupõe que as pessoas se conheciam, em certo grau, e que todos os membros estavam cientes da sua permanência no mesmo.
Além disso, prints de tela mostram que a maioria dos membros visualizavam o conteúdo e eram notificados das atividades do grupo. E, a partir do momento em que você participa de um grupo, você concorda e se interessa pelo conteúdo vinculado por ele, ainda que por mera curiosidade ou “trolagem”. E isso mostra, sim, que você é um machista misógino que vê mulheres como vaginas, só vaginas ambulantes.
Esse episódio, em pleno setembro de 2014 nos lembrou do que aconteceu no final do ano passado quando foi feita a denúncia de um grupo no Whatsapp denominado “Kings” no qual eram trocadas fotos íntimas sem o consentimento das meninas expostas. Em menos de um ano, em dois rolês que se dizem diferentes politicamente, temos dois episódios muito parecidos, o que demonstra o quanto é perigoso viver em uma sociedade que acha justificável o compartilhamento de fotos íntimas, afinal “Se não queria se expor, por que tirou as fotos?”.
O Coletivo Feminista Non Gratas coloca-se totalmente à disposição das meninas que foram expostas no grupo. Nossa atitude sempre será essa e sempre foi. Nós nascemos por não ficarmos caladas com a continuidade do reinado desses Kings misóginos no rolê hardcore de São Paulo e continuaremos aí para lutar contra o machismo em qualquer rolê, estaremos sempre com as mulheres.
Aos que lerem e pensarem “Precisava citar Kings? Vocês nunca vão esquecer isso? Os meninos já se desculparam, estão mudando”: não, nós não esquecemos e não esqueceremos. NÃO PASSARÃO!
Mais informações sobre os Skings: https://www.facebook.com/pages/Moço-você-é-machista/1372907339517076?fref=ts
Mais informações sobre os Kings:
http://prod.midiaindependente.org/pt/red/2013/12/526930.shtml
Coletiva Feminista Non Gratas.